terça-feira, 10 de agosto de 2010

A arquitetura sacra paulista e mineira nas regiões cafeeiras - 4

No Estado de São Paulo, já próximo à divisa com Minas Gerais, está a cidade de Espírito Santo do Pinhal. É, ainda hoje, um centro importante de produção cafeeira. Selecionei nela duas igrejas, porque são particularmente representativas para o propósito de analisar as construções sacras com valor histórico relativas ao período da hegemonia cafeeira em São Paulo e Minas Gerais. (Veja a primeira postagem desta série).

Igreja Matriz do Divino Espírito Santo (E. S. do Pinhal - SP)



A principal igreja da cidade é a Matriz do Divino Espírito Santo, cujas origens estão entrelaçadas às de Pinhal enquanto conglomerado urbano. A propósito, leitor, já notou como isso é comum no Brasil? Ergue-se uma capelinha, algumas casas são construídas nas adjacências e, depois de algum tempo, tem-se uma povoação estabelecida. Trata-se de um padrão recorrente e, quem sabe, algum dia, ainda escreverei uma postagem a esse respeito.
Em uma área doada pelo casal Romualdo de Souza Brito e Thereza Maria de Jesus foi erigida a capela original que, posteriormente, cedeu lugar à atual Igreja Matriz (outro padrão recorrente, conforme já observei em postagem anterior). Isso, naturalmente, está ligado, pelo menos no caso de Espírito Santo do Pinhal, ao crescimento de sua população em decorrência da prosperidade acarretada pela expansão da agricultura cafeeira. O comparativo abaixo é uma demonstração prática do que estou dizendo:


A cronologia da construção da Igreja Matriz é a seguinte:
1886 - Início da construção;
1897 - Conclusão da fachada;
1898 - Colocação do sino;
Década de 30 do século XX - construção da segunda cúpula.

A simples observação da edificação como hoje se vê permite constatar que, sendo produto de um longo trabalho, o estilo se mostra algo eclético. Seria pouco razoável esperar o contrário.


Igreja de São Benedito (E. S. do Pinhal - SP)




Outra igreja que chama a atenção é a de São Benedito, construída por iniciativa da população afrodescendente. As obras de edificação tiveram início em 1900, mas a construção arrastou-se por décadas. Externamente, não é muito diferente de outras pequenas igrejas da mesma época, mas o interior surpreende pelos belíssimos altares entalhados em madeira. Na ocasião em que a visitei, estava passando por obra extensa de restauração. Conforme explicou um restaurador que trabalhava no local, a igreja foi muito afetada por chuvas que destruíram o forro, o qual foi substituído por outro, mais leve, com estrutura metálica (oculta), para assegurar a preservação da aparência, sem, contudo, deixar de lado a segurança. A fotografia abaixo mostra os altares, que também estavam sendo devidamente restaurados.

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