quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A questão da origem dos presépios de Natal

Presépio da Igreja de N. Sra. da Candelária, em Itu, SP.
Como ocorre nas igrejas, o Menino Jesus só é adicionado
na noite de Natal.
Há quem afirme que S. Francisco de Assis teria sido o primeiro a ter inventado o que chamamos de "presépio", ou seja, uma representação da cena do nascimento de Jesus, usando, para tanto, figuras vivas. Entretanto, parece não haver provas conclusivas que reafirmem esse fato. De todo modo, sabemos que, durante o Medievo, eram frequentes as representações natalinas defronte às igrejas, e não é impossível que daí tenha vindo a ideia de retratar, geralmente com esculturas, o Menino Jesus na manjedoura, Maria e José ao seu lado, a chegada dos pastores e, um tanto anacronicamente, os magos do Oriente (que, segundo contam os Evangelhos, não teriam como estar presentes na noite em que Jesus nasceu, ou Herodes não deveria preocupar-se em mandar matar todos os meninos com dois anos de idade ou menos). 
Presépio da Igreja do Bom Jesus, Itu, SP
Essa origem medieval, todavia, é inequívoca. Se nunca o fez, vá até uma igreja e olhe o presépio que lá está. Dessa visita podem ser tiradas ao menos duas instrutivas lições:

1) Os presépios de igreja, curiosamente, quase sempre têm as personagem retratadas em trajes medievais, o que apenas reforça a época de origem dessa tradição;

2) Os "inventores" medievais do presépio, ao retratarem as personagens em trajes de seus dias, demonstravam não ter uma visão clara de como se vestiam os humanos do primeiro século da Era Cristã que viviam em áreas sob influência da cultura mediterrânica. Isso não chega a surpreender, porque sabemos que o interesse por questões greco-romanas só iria reviver no período chamado, com justiça, de Renascimento.
Diante disso, leitor, comemore o Natal se e como quiser, mas fique de olho na História!

Presépio em um centro comercial na cidade de Pedreira, SP

Presépio em uma praça pública em Serra Negra, SP


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