terça-feira, 17 de abril de 2012

Quer um cafezinho, senhor? O princípio da agricultura cafeeira no Brasil

Cafezal na região de Serra Negra - SP
Na segunda metade do século XIX o café tornou-se o principal artigo de exportação do Império do Brasil, um fato que acarretaria consequências relevantes por muitas décadas, como resultado da dependência quase exclusiva desse produto como sustentáculo da economia do País.
Entretanto, o cultivo de café começou modesto e, embora poucos saibam, foi inicialmente mais importante na pauta de produção das capitanias/províncias do Nordeste que no Sudeste, como as estatísticas da época bem assinalam. No Rio de Janeiro era plantado em chácaras e quintais, quase sempre para consumo local, até que o crescimento da demanda internacional, com consequente elevação nos preços, tornou seu cultivo em larga escala mais interessante. Daí por diante, latifúndios cafeeiros, com mão de obra escrava, seguiram um caminho bem conhecido, espalhando-se pelo Vale do Paraíba em território do Rio de Janeiro, daí para o Vale do Paraíba na Província de São Paulo e então, no auge de sua importância, alcançou o chamado "Oeste Paulista", o que não exclui o fato de também ser cultivado no sul de Minas Gerais e, mais tarde, no Paraná.
O café era, inicialmente, plantado em meio às matas, embora isso possa nos parecer estranho, tão habituados estamos à ideia dos vastos cafezais, até onde a vista alcança, semelhantes a exércitos vegetais, com terreno dedicado exclusivamente à sua cultura. Há um trechinho anotado por Saint-Hilaire (no ano de 1822) que menciona esse fato:
"Rancho de Matias Ramos, 30 de abril, 4 léguas e três quartos - Sempre montanhas cobertas de matas virgens no meio das quais não é raro haver cafezais. Passamos por muitas fazendas importantes." (¹)
Há também um belo registro iconográfico, obra de Rugendas (²), no qual se vê a colheita do café. A paisagem facilmente denuncia o local: Bem próximo à cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. E, claro, no meio da mata.

Colheita de café no Rio de Janeiro, segundo M. Rugendas (²)

(1) SAINT-HILAIRE, A. Segunda Viagem a São Paulo e Quadro Histórico da Província de São Paulo. Brasília: Ed. Senado Federal, 2002, p. 124.
(2) RUGENDAS, Moritz. Malerische Reise in Brasilien. Paris: Engelmann, 1835. O original pertence à Biblioteca Nacional; a imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.


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