quinta-feira, 17 de maio de 2012

Araucárias

Pinheiros, de acordo com desenho de Thomas Ender (³)

Chamada popularmente de "pinheiro-do-paraná", a Araucaria angustifolia, pelo que conhecemos através dos relatos de gente que andou pelo interior do Brasil antes do geral desmatamento do centro-sul, já foi uma espécie vegetal muito frequente em áreas dos atuais Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, sul de Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além, é claro, do Paraná, principalmente nas regiões de maior altitude. Chamava a atenção dos europeus que a observavam por ser um "pinheiro diferente" em sua aparência.
Saint-Hilaire, o naturalista francês, ao descrever a localização de uma casa em que se hospedava, no início da segunda década do século XIX, observou:
"Fica situada num vale, e em frente do declive de uma colina eleva-se, em anfiteatro, um bosque quase que inteiramente composto de araucárias.
Nesta viagem comecei a rever esta árvore nas margens do riacho Brumado, e encontrei-a perto da fazenda do Tanque e de Ibitipoca.
Cresce espontaneamente, em algumas das mais altas montanhas do Rio de Janeiro. Encontra-se novamente aqui, em terreno muito elevado, nos limites das matas e campos, constitui quase que exclusivamente a maioria dos capões nos arredores de Curitiba. Enfim, na capitania do Rio Grande desce até a borda do campo. Parece, pois, haver igualdade de temperatura entre esses diferentes pontos, e a araucária funciona como uma espécie de termômetro." (¹)
O povoamento e a exploração desordenada das matas nativas (²) tornaram as araucárias muito menos numerosas, mesmo em regiões onde essas belas coníferas eram quase onipresentes. É lamentável que esse processo ainda tenha prosseguimento Brasil afora, embora hoje as espécies ameaçadas sejam outras.

Araucárias na região de Poços de Caldas - MG

(1) SAINT-HILAIRE, A. Segunda Viagem a São Paulo e Quadro Histórico da Província de São Paulo. Brasília: Ed. Senado Federal, 2002, p. 41.
(2) Pode parecer um absurdo para os padrões atuais, mas já houve tempo em que o contrato com uma empresa para a construção de uma ferrovia significava, para essa empresa, o direito a explorar livremente a madeira das florestas situadas ao longo do trajeto a ser construído.
(3) O original pertence à Biblioteca Nacional. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.


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