quinta-feira, 31 de maio de 2012

O Caminho Velho das Minas

O "Caminho das Minas", era a rota que conduzia às Gerais os exploradores de ouro que vinham do Rio de Janeiro e, como é óbvio, era por ele, em sentido inverso, que o ouro dos "Reais quintos" saía das minas e seguia para o porto do Rio de Janeiro, de onde se despedia do Brasil, para nunca mais voltar.
O chamado "Caminho Velho" tinha, sob o aspecto da segurança, o grave inconveniente de que o ouro, chegando a Parati, precisava seguir por mar até o Rio de Janeiro, e era justamente neste trecho que a ameaça de um ataque de piratas ou corsários se fazia maior.

Os canhões de Parati (RJ) são uma lembrança dos tempos em que era preciso defender
o ouro das Gerais, que vinha pelo "Caminho Velho", dos eventuais ataques de piratas e corsários.

Podia-se, segundo Antonil, fazer a viagem em uns trinta dias, desde que "marchando de sol a sol", como ele mesmo expressou, coisa que quase ninguém conseguia, ou porque os pés não suportavam, ou porque era necessário dar descanso aos animais de carga. O caminho, propriamente, era o seguinte, segundo alguém que fez a viagem em companhia do Governador Artur de Sá e que depois o relatou ao Padre Antonil:
"Partindo aos 23 de agosto da cidade do Rio de Janeiro foram a Parati. De Parati a Taubaté. De Taubaté a Pindamonhangaba. De Pindamonhangaba a Guaratinguetá. De Guaratinguetá às roças de Garcia Rodrigues. Destas roças ao Ribeirão. E do Ribeirão com oito dias mais de sol a sol chegaram ao Rio das Velhas aos 29 de novembro, havendo parado no caminho oito dias em Parati, dezoito em Taubaté, dois em Guaratinguetá, dois nas roças de Garcia Rodrigues e vinte e seis no Ribeirão, que por todos são cinquenta e seis dias. E tirando estes de noventa e nove, que se contam desde 23 de agosto até 29 de novembro, vieram a gastar neste caminho não mais que quarenta e três dias." (*)
Parece-lhe estranho que se dessem tantas voltas, ao invés de seguirem diretamente às Gerais? Há pelo menos duas razões para isso, que são:
a) Não se conhecia o interior do Brasil tão bem a ponto de permitir uma rota menos complicada, de modo que, partindo de Parati, buscava-se encontrar a rota dos paulistas, essa já mais amplamente percorrida;
b) Evitavam-se áreas de relevo demasiadamente acidentado, pois os meios de transporte disponíveis na época não suportariam tal incômodo. 

(*) ANTONIL, André João (ANDREONI, Giovanni Antonio). Cultura e Opulência do Brasil por Suas Drogas e Minas. Lisboa: Oficina Real Deslandesiana, 1711, p. 163.


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