terça-feira, 19 de junho de 2012

Para que serve o futebol?

Ao longo das duas primeiras décadas do Século XX o futebol, no Brasil, passou por uma transformação significativa: deixou de ser mera curiosidade atlética, praticada por uns poucos, geralmente trabalhadores de origem britânica, para assumir o papel de verdadeira mania, que arrastava multidões de adeptos, torcedores ou curiosos para as imediações dos gramados onde a bola rolava em partidas cada vez mais disputadas. Surgiam as primeiras equipes de sucesso e os jogadores de destaque ocupavam espaço nas rodas de bate-papo e nas páginas de jornais e revistas.
Toda essa movimentação em torno do esporte provocou uma certa controvérsia nos meios intelectuais (¹). Havia quem visse o futebol como um novo meio de educar a juventude, incentivar o desenvolvimento físico, valorizar a cooperação e o trabalho em equipe, levar ao gosto pela superação de adversidades. Por outro lado, alguns detestavam a nova mania de chutar uma bola, tendo-a por deselegante e violenta, uma verdadeira perda de tempo que afastava homens feitos de ocupações supostamente mais nobres. Havia até quem apostava que o futebol não passaria de um modismo incapaz de criar raízes no Brasil, sob a justificativa de que a "índole nacional" não era afeita a glórias coletivas, privilegiando, antes, os triunfos do indivíduo...
Não é preciso que eu diga, aqui, qual dos pontos de vista triunfou. Entretanto, na época, uma publicação paulistana (²) encarregou-se de oferecer uma ideia da utilidade do futebol, mesmo para quem, no Brasil ainda predominantemente rural daqueles dias, achava que melhor coisa era mandar a rapaziada gastar as energias trabalhando duro na lavoura do que correndo como loucos pelos gramados em busca de goals. Veja abaixo, leitor, qual foi a sugestão oferecida.


(1) Veja, sobre isso, as postagens:
(2) A VIDA MODERNA, Ano IX, nº 231, 13 de agosto de 1914. 


Veja também:

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