domingo, 7 de outubro de 2012

O atleta ou o pensador?

Quem é mais importante: o atleta ou o pensador? A oposição capacidade física versus capacidade mental sempre suscitou debates, e há, neste blog, algumas postagens que tratam do assunto. "Xenófanes, o homem que ousou questionar os jogos olímpicos da Grécia Antiga" e "Os esportes no Brasil do Século XIX e início do Século XX - Parte 5" são exemplos, mas há outras mais.
Seja como for, a falta de equilíbrio às vezes parece ser o único fator presente em ambos os pontos de vista: ora são os "fortões", que vão salvar a pátria, ora existe quem veja no estereótipo do intelectual hiperfocado e doentio o exemplo para a juventude.
Tolice! Por que é que não se pode ser, ao mesmo tempo, saudável e instruído, dentro das possibilidades individuais, desfrutando melhor a vida e, por suposto, exercendo melhor a cidadania? Não é preciso ser pálido e anêmico para pensar ativamente, nem se deveria prescindir do desenvolvimento mental na formação dos atletas, que só teriam a ganhar com maior escolaridade. Mas a questão é velha e não vai, evidentemente, desaparecer só porque eu escrevi esta postagem.
Para concluir, lá vão dois cartoons que apareceram em outubro e novembro de 1922 em duas edições da revista paulistana A Cigarra.

Ruy Barbosa e o futebol (¹)



Deve-se explicar, a bem dos leitores mais jovens, que a personagem retratada como o magricela de cérebro gigantesco é Ruy Barbosa que, na época, era tido como um dos maiores intelectuais brasileiros. Morreu no ano seguinte.
Voltando aos nossos dias: Em tempos pós-Olimpíadas, diante de um desempenho algo abaixo do que se esperava por parte dos atletas, sempre aparece quem defenda a solução de todos os problemas do Brasil pela ênfase à prática desportiva nas escolas. Ora, esporte na escola pode, sim, fazer muito pela saúde das crianças e jovens; pode, ainda, revelar talentos atléticos que venham a ser verdadeiros campeões olímpicos. Mas não vai, de jeito nenhum, resolver todos os problemas do Brasil.

Ministério do futebol (²)



Em tempos pré-Copa do Mundo, sempre aparece alguém que acha, seriamente, que, em virtude da enorme importância que tem para o Brasil, o futebol deveria ter um Ministério inteiramente a ele dedicado, o que torna o cartoon abaixo um bocado atual, a despeito de seus noventa aninhos: atual, sim, ainda que marotamente perverso, como o leitor poderá conferir por si mesmo.

(1) A CIGARRA, Ano X, nº 195, 1º de novembro de 1922.
(2) A CIGARRA, Ano X, nº 194, 15 de outubro de 1922.


Veja também:

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