domingo, 16 de dezembro de 2012

As vacas magras do Natal

Como você cumprimenta seus familiares e amigos pelo Natal? Antigamente era comum o envio de cartões pelo correio, mas hoje muita gente prefere usar as redes sociais para isso. De qualquer modo, seus cumprimentos, reais e/ou virtuais, provavelmente incluem a expressão de desejos como "Boas Festas", "Feliz Natal", Próspero Ano Novo", ou coisas semelhantes, que podem variar um pouco segundo as tradições e crenças de cada um, mas que não costumam fugir muito ao padrão. É tudo parte daqueles costumes que pessoas educadas, no mundo ocidental, costumam fazer, sinceramente, algumas vezes, ou apenas por civilidade, em outras.
Há noventa anos, em 16 de dezembro de 1922, a revista carioca O Malho (¹) trazia na capa uma referência nada auspiciosa ao Natal e ao novo ano que se aproximava. Vejam, senhores leitores:
 

A legenda diz:
"JECA - Ó gentes! Pois você "num tá vendo"? Aquilo é o "Natá" que vem trazendo sete "vaca magra"."

Sim, a ideia é que, para o povo brasileiro, o ano seguinte seria de "vacas magras"; mas, numa contradição apenas aparente, o cartunista desenhou vaquinhas não muito franzinas, aliás, devidamente nomeadas: "Finanças Nacionais", "Falência Municipal", "Inquilinos e Proprietários", "Impostos em Perspectiva" (²), "Carestia da Vida" e "Cortes Inevitáveis".
Depois de nove décadas, pergunto: Alguém aí já ouviu falar dessas coisas, em tempos recentes? Pois tanta falta de criatividade já começa a incomodar!

(1) O MALHO, Ano XXI, nº 1057, 16 de dezembro de 1922. O exemplar original pertence ao acervo da Biblioteca Nacional. Imagem editada para facilitar a visualização.
(2) O Imposto de Renda, estabelecido em definitivo em 1922, começou a ser pago no ano seguinte.


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