terça-feira, 25 de março de 2014

Sobre a guerra e a paz

Conta-nos Heródoto que Creso, rei da Lídia (aquele mesmo Creso que foi considerado o sujeito mais rico de seu tempo), depois de haver-se metido em guerra contra os persas, foi por eles derrotado. Conduzido à presença de Ciro, soberano persa, foi interrogado sobre as razões que o haviam levado a envolver-se em guerra tão desastrada quanto desnecessária, ao que o infeliz derrotado teria respondido colocando a culpa no oráculo de Delfos, que lhe havia (como sempre) dado uma dúbia profecia, a qual lhe parecera, então, um dito favorável. Asseverou que, de outro modo, jamais teria iniciado a contenda, e explicou: "Qual é aquele que, tão insensato, trocaria a doce paz por uma guerra sem causa? Na paz, os filhos sepultam os pais, enquanto que na guerra são os pais que sepultam os filhos."
Convenhamos, leitores deste blog, que em nossos dias turbulentos, nos quais a quase cada canto deste planeta há alguém a desafiar ou a intimidar os países vizinhos, seria muito bom que as palavras de Creso fossem devidamente consideradas. As guerras brutais que torturaram a humanidade ao longo do Século XX (guerras cujas consequências nós mesmos ainda podemos sentir) são uma advertência de que o rei dos lídios, no Século VI a.C., tinha toda razão, aprendida, aliás, sob duras penas - teve de presenciar, por exemplo, o saque desenfreado a seu monumental tesouro, que tão arduamente acumulara.


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