quarta-feira, 14 de maio de 2014

Remédios estranhíssimos de antigamente - Parte 5: O "sacatrapo"

Senhores leitores, termino hoje esta pequena série de postagens sobre os remédios malucos de antigamente com uma referência ao famoso e terrível "sacatrapo" (só um instante, já saberão o que era).
Parece que a imaginação da gente do passado não conhecia limites quando se tratava de inventar tratamentos que podiam ser piores que a própria doença.
Não, não estou exagerando. Foi Hércules Florence, que andou pelo interior do Brasil como desenhista da Expedição Langsdorff na terceira década do século XIX, quem escreveu:
"Nesses dois lugares (¹) existe uma moléstia mais perigosa ainda e que é consequência da outra (²). Chamam-na corrupção.
Quem for atacado fica, pelo que contam, com o ânus dilatado do tamanho de um punho fechado, e cai em sonolência e insensibilidade. O remédio heróico é então o sacatrapo, clister de vinagre, pimenta, pólvora e tabaco. Por meio de um pau, cuja ponta leva um chumaço embebido de cada vez, introduz-se no ânus essa terrível mistura.
Sem tão furibunda medicamentação a morte, dizem, é infalível. [...]." (³)
Seria necessário dizer alguma coisa mais?

(1) Diamantino e Vila Bela, Província de Mato Grosso.
(2) Refere-se às sezões, que são febres intermitentes.
(3) FLORENCE, Hércules. Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas de 1825 a 1829. Brasília: Ed. Senado Federal, 2007, p. 204.


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