segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O laconismo dos espartanos

"...a diplomacia é a arte de gastar palavras, perder tempo, estragar papel, por meio de discussões inúteis, delongas e circunlocuções desnecessárias e prejudiciais."
                                          Machado de Assis, Diário do Rio de Janeiro, 24 de janeiro de 1865

Esparta tornou-se famosa pelo militarismo, pelo estilo de vida frugal de seus habitantes, pela educação severa ministrada à juventude. Mas também ficou conhecida pelo hábito que os espartanos eram levados a adquirir, desde a infância, de falar apenas o estritamente necessário. Esse costume recebeu o nome de "laconismo". Explica-se: Esparta ficava na Lacônia, que era parte do Peloponeso, que era parte da Antiga Grécia. 
Consta que Xerxes, soberano persa, enviou um embaixador aos espartanos, exigindo deles que lhe entregassem "água e terra", uma expressão que, na prática, equivalia a dizer: "Rendam-se, espartanos! Quero tudo, sem condições ou reservas". 
De acordo com Políbio de Megalópolis, ao invés de discutir com o diplomata (como fariam quase todos os povos, até como estratégia para ganhar tempo), os gregos de Esparta, que nunca foram paradigma de sutileza nas relações com estrangeiros, limitaram-se a jogar o embaixador dentro de um poço e, depois, cobriram-no de terra, dizendo ao sujeito que fosse relatar a Xerxes que já havia conseguido o que lhe mandara exigir.
Laconismo às últimas consequências.


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4 comentários:

  1. Eu sabia, apenas, que ser lacônico é se falar o estritamente necessário...Aqui eu aprendo a "essência "da "coisa"...Obrigada, por ensinar!

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    1. Digamos que os espartanos eram estritamente econômicos não só em palavras, mas também em ações. Talvez uma coisa conduza à outra...
      Neste caso da postagem, economizaram palavras com a ação que praticaram.

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  2. Por engraçado que possa parecer o episódio histórico, o mesmo tipo de atitude deixa de ter piada quando, por exemplo, vemos acordos de cessar-fogo flagrantemente violados (i.e. leste da Ucrânia).
    Não conhecia a origem da palavra, muito obrigada pelo post.
    Beijinho
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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    1. Hmmm, então já sabe por que razão esse post está no blog... Os séculos passam, a natureza humana continua a mesma (ou pelo menos, não parece dar sinais de melhora).

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