quinta-feira, 2 de junho de 2011

Abastecimento de água - dos aguadeiros às torneiras públicas

Na postagem anterior referi a existência de grandes chafarizes na maioria das cidades coloniais brasileiras. Certamente esse não era o único modo de suprir as necessidades de água nos núcleos urbanos, daí incluírem-se, portanto, entre outros meios, os poços e fontes naturais, quando elas estavam disponíveis.
À medida que as cidades cresceram em população, outras opções tiveram de aparecer. Na Capital do Brasil Império, a cidade do Rio de Janeiro, bem como em outros lugares, os aguadeiros, geralmente escravos, eram encarregados de buscar água em grandes tonéis, atendendo à casa em que serviam ou então, o que não era incomum, vendendo água nas ruas. Com isso, quem não tinha um escravo e também não queria ir buscar água, tinha a possibilidade de comprar de alguém que fazia a venda de porta em porta. Não é sequer necessário lembrar que, com o declínio do sistema escravista, tal forma de abastecimento de água também começou a desaparecer.
As alternativas variaram bastante, mas a tendência geral foi buscar (ao menos nas localidades mais progressistas, beneficiadas pela fase dourada da economia cafeeira), algum método que contemplasse simultaneamente o abastecimento do maior número de pessoas com um padrão considerado satisfatório de higiene (esse assunto começava a entrar em pauta), envolvendo algum tipo de canalização de água, a partir do que se esperava que a rede viesse, por iniciativa da comunidade, a estender-se amplamente. Foi nesse quadro que muitas cidades tiveram as torneiras públicas, que os moradores continuavam a chamar de chafarizes, mas que tinham um aspecto bem diferente daquele exibido pelos congêneres do século anterior.
Para quem se interessar pelo assunto e quiser ver pessoalmente, localizei três dessas torneiras públicas que ainda podem ser vistas, em diferentes estados de conservação, conforme as fotos abaixo evidenciam. Estão situadas nas cidades paulistas de Jaguariúna, Amparo e Socorro.

1.Torneira pública de Jaguariúna


Das três, é a que está em pior estado, fora do lugar em que foi originalmente instalada e, para quem desconhecer o assunto, dificilmente lembrará a utilidade que já teve. Pode ser vista junto à parada de ônibus ao lado da Matriz Centenária de Santa Maria . Data de 1902.

2. Torneira pública de Amparo


As torneiras públicas de Amparo datam de c. 1897. Uma delas está no Jardim Público (também do século XIX) e ainda é utilizada. Merece bem uma restauração. Água encanada, em Amparo, foi usada a partir de 1902.

3. Torneira pública de Socorro


É, de longe, a mais bem conservada. Muito bonita, esteve em uso nos inícios do século XX. Funciona perfeitamente.

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