terça-feira, 4 de outubro de 2011

A persistência da mentalidade escravista no Brasil após a Abolição - Parte 2

Concluindo o assunto iniciado na postagem anterior, veremos aqui as duas últimas imagens associadas à persistência da mentalidade escravista no Brasil, mesmo após a abolição do trabalho escravo. Diria, mesmo após muito tempo da abolição, já que essas duas imagens são, respectivamente, de 1919 e 1916, ambas publicadas na revista paulistana A Cigarra.

Imagem 1


Chega a ser repugnante fazer comentários, mas vale observar nesta propaganda, que apareceu na edição de 1º de dezembro de 1919 e em diversas edições posteriores, o detalhe da "reprodução da fala" do "moleque Benjamin". Note, a edição é de 1919, não um ou dois, porém mais de trinta anos após a Abolição.

Imagem 2 


Finalmente, para "coroar" esse capítulo absolutamente inglório da História do Brasil, esta imagem que foi capa de A Cigarra, edição da segunda quinzena de junho de 1926. Diz a Legenda: "Quando a patroa sai..."
Leitor, considerei aqui apenas umas poucas imagens que apareceram em uma única publicação. Quem convive com a realidade brasileira por certo não terá muita dificuldade em lembrar-se de trechos de músicas, de obras literárias e de outros cartuns que seguiam a mesma linha. O fato de que tudo isso não costumava gerar quaisquer protestos dá bem a ideia de quanto a mentalidade escravista ainda prevalecia, décadas após a abolição. Consegue identificar alguma coisa na mesma linha ainda hoje?

***

Sei que é perfeitamente possível que haja alguém, dentre meus leitores, que não concorde com a divulgação das imagens contidas nesta postagem e na anterior. A este leitor ou leitora gostaria de expor meu ponto de vista: as jovens gerações somente aprenderão a reconhecer o que há de abominável na apropriação do trabalho e até da própria existência de seres humanos por outros humanos, o que há de nojento nas manifestações racistas, se puderem estudar e conhecer o que ocorreu no passado. Não se trata, evidentemente, de nenhum "julgamento da História", como querem alguns, mas da convicção de que apenas quando se pode estudar livremente também é possível, com igual liberdade, reconhecer o que há de errado e o que deve ser mudado, a bem do ideal de uma sociedade verdadeiramente democrática, com iguais direitos, obrigações e oportunidades para todos os cidadãos.


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