segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Máquinas a vapor


Embarcação a vapor no Rio das Velhas, 1868 (¹)

As locomotivas a vapor foram tão marcantes ao longo do século XIX e, por algumas décadas, também do século XX, que, para muita gente, locomotiva a vapor e máquina a vapor são a mesma coisa. Mas não são: a máquina a vapor foi invento que possibilitou que muitos outros dele decorressem - havia uma infinidade de equipamentos a vapor, desde os grandes teares que movimentavam a indústria têxtil da Inglaterra e de outros países, passando por navios e maquinário agrícola, até, curiosamente, automóveis que chegaram a ter alguma circulação, antes que motores a diesel ou gasolina se afirmassem soberanos.
Para se ter uma noção da importância que as embarcações a vapor desempenharam no século XIX, basta mencionar que os correios que faziam a ligação entre a Corte (Rio de Janeiro) e São Paulo eram determinados com base nas datas em que os vapores executavam esse trajeto (entenda-se, a metonímia era usual).

Locomotiva a vapor sobre a Ponte da Barra, Estrada de Ferro D. Pedro II, 1881 (²)

Foram, no entanto, as locomotivas, arrastando carros e vagões (de passageiros e carga, respectivamente) que ganharam a afeição popular. Pelos "caminhos de ferro" as notícias, antes tão lentas, circulavam mais depressa; muito menino, olhando o trenzinho que surgia, à distância, deve ter sonhado em romper com a vidinha sossegada do lugar de origem, para ir tentar a sorte em uma cidade grande. Não há dúvida - para o Brasil do Século XIX, a construção de ferrovias, ainda que morosa e limitada a algumas regiões, trouxe uma ruptura significativa com o passado.
Não surpreende, pois, que Joaquim Manuel de Macedo escrevesse, nos tempos do Segundo Reinado:
"Vivemos no século do vapor, e atualmente tudo se faz a vapor, até mesmo os estadistas e os salvadores da pátria.
E é também por isso que o Brasil vai a vapor. Para onde? Não sei. Só Deus o sabe." (³)

(1) Primeiro vapor a percorrer o Rio das Velhas; fotografia de Augusto Riedel, 1868. O original pertence à BNDigital; a imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
(2) Linha Central da Estrada de Ferro D. Pedro II, Ponte da Barra, 1881. O original pertence à BNDigital; a imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
(3) MACEDO, Joaquim Manuel de. Um Passeio Pela Cidade do Rio de Janeiro. Brasília: Senado Federal, 2005, p. 242.


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