quarta-feira, 29 de junho de 2016

Uniformes escolares de antigamente

"O Ateneu era invejado. Vítimas do uniforme, os discípulos de Aristarco passeavam entre os grupos dos colégios rivais, sofrendo dichotes, com uma paciência recomendada pela boa educação."
Raul Pompeia, O Ateneu

Há tempos, alguns adolescentes me contaram, com muito desgosto, que o uniforme adotado para aquele ano no colégio em que estudavam fazia com que eles, alunos, parecessem um bando de "gaviões calçudos" (¹). Ora, leitores, como desconheço que aparência tem um gavião calçudo, fiquei sem saber se a reclamação era ou não procedente. 
Seja por certo espírito de contestação próprio da idade ou por outro motivo qualquer, é fato que estudantes tendem a detestar uniformes escolares. Até parece contraditório, mas alguns que não hesitam em andar devidamente paramentados com a camisa do time de futebol favorito são os primeiros a ruminar protestos contra as exigências das escolas que, quase sempre, são impostas por razões de organização, conforto, higiene e segurança dos próprios alunos. 
Por outro lado, entre as coisas que têm passado por sucessivas revoluções nos últimos duzentos anos encontram-se os uniformes escolares, juntamente com o vestuário em geral. Já tiveram a aparência de trajes militares (em tempos em que a disciplina exigida rezava pela mesma cartilha), em outros casos faziam lembrar a indumentária típica das ordens religiosas e, no extremo oposto, houve e há muitas instituições que simplesmente dispensaram/dispensam qualquer tipo de uniforme. Diferentes ideologias marcaram presença também nessa questão. 
Não vem ao caso discutir, agora, as vantagens e desvantagens desses extremos (já sei que muitos leitores irão dizer que a sensatez reside no meio-termo). A diversão será outra: reuni algumas fotos - já seculares, ou quase - de estudantes com seus uniformes. Estão em ordem cronológica, e com exceção do estabelecimento de ensino citado na quarta fotografia, todos os demais eram localizados na cidade de São Paulo. Sim, senhores, quanta mudança!

1. Alunos da Escola Profissional Masculina durante uma aula de marcenaria. (²)


2. Alunas da Escola Normal (para formação de professoras), acompanhadas por alunos da Escola Modelo Anexa. (³)


3. Demonstração de ginástica por alunos do Ginásio Anglo-Brasileiro. (⁴)


4. Alunos do Ginásio Diocesano de Campinas desembarcando na Estação Ferroviária de Limeira para uma excursão. (⁵)


5. Alunas da Escola Profissional Feminina de São Paulo. (⁶)


6. Alunas do Colégio Sttaford, turma de 1923. (⁷)


(1) Nada a ver com o maxixe de mesmo nome.
(2) A CIGARRA, Ano I, nº 15, 31 de dezembro de 1914.
(3) A CIGARRA, Ano II, nº 20, 21 de abril de 1915.
(4) A CIGARRA, Ano III, nº 54, 9 de novembro de 1916.
(5) A CIGARRA, Ano IV, nº 78, 31 de outubro de 1917.
(6) A CIGARRA, Ano X, nº 197, 1º de dezembro de 1922.
(7) A CIGARRA, Ano XII, nº 223, 1º de janeiro de 1924.


Veja também:

2 comentários:

  1. Nunca entendi essa tendência de vestir as crianças à marinheiro. Que piada é que tem? O colégio que o Pedro frequenta, felizmente, adoptou um meio termo. Impõe o uso da camisola/t-shirt do uniforme, mas pode ser acompanhada por calças de ganga, calções, saias, ao gosto do "freguês".... Acho que o principal argumento a favor dos uniformes é impedir comparações perigosas, num mundo dominado pelo consumismo.
    Vc usou uniforme?
    Beijinhos
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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    Respostas
    1. Impedir comparações é sempre uma justificativa; no Brasil a questão da segurança também é importante, porque as escolas tendem a ter muitos alunos e é mais fácil perceber quando há "um estranho no ninho", se esse estranho estiver sem uniforme.
      Sim, usei uniforme e, no último ano do ensino médio era "fiscalizada" diariamente pela inspetora de alunos, porque ela achava que eu era uma séria candidata a promover desobediência, indo às aulas sem uniforme completo rsrsrssss...

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