quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Uso de selos ou sinetes por assírios, babilônios e outros povos

Impressão de um
selo assírio (⁴)
Entre os habitantes da Mesopotâmia (¹) na Antiguidade era corrente o uso de selos, também chamados sinetes, como forma de identificação pessoal. No Código de Hamurabi, por exemplo, que data do Século XVIII a.C., exigia-se que um documento escrito, para ser válido, fosse acompanhado do selo daquele que o outorgava. 
Impressão de um
cilindro assírio (⁵)
Os selos ou sinetes eram, quase sempre, pequenos cilindros (²) em que eram gravados desenhos que representavam deuses (³), figuras mitológicas, animais ou ainda algum texto; ao ser usado, o cilindro era rolado sobre uma placa de argila ainda mole, deixando a marca característica de seu proprietário. Para efeitos práticos, essa marca equivalia ao uso que fazemos de uma assinatura. Portanto, é fácil presumir a importância social dos artesãos que entalhavam sinetes, assim como a vigilância que se exercia sobre seu trabalho, a fim de assegurar que nenhum selo tivesse um "irmão gêmeo" para propósitos escusos.
Impressão dos sinetes dos reis do Egito
(à esquerda) e da Assíria (à direita) (⁶)
Uma vez que os selos eram amplamente utilizados por quase todos, dos reis aos humildes súditos, fica fácil entender a variedade de materiais adotados para sua confecção. Metais resistentes e baratos eram comumente empregados, mas também havia selos de marfim e de pedras e metais preciosos. Esses objetos, alguns rústicos, feitos sem grande perícia e cuidado, e outros até muito delicados, comprovando a maestria do artesão, são estudados, hoje, porque oferecem uma gama nada desprezível de informações sobre a cultura, a vida social e mesmo sobre as capacidades técnicas em uma época na qual a escrita não era ainda universalizada e, portanto, a cada indivíduo, mesmo não sendo um escriba, era facultado, através do uso de um selo ou sinete, autenticar documentos que fossem a expressão fiel de sua vontade quando adquiria uma propriedade, fazia doação de algum bem ou executava qualquer outra transação comercial. E, se era assim para o povo comum, tanto mais acontecia quando se tratava de um selo real, destinado a validar documentos que manifestavam a vontade de monarcas que se julgavam representantes dos deuses!
Impressão de um cilindro babilônico (⁸)
Selos ou sinetes foram usados também por outros povos, além dos mesopotâmios, e por muitos séculos (⁷), sempre com efeitos equivalentes aos de uma assinatura. Em lugar da impressão sobre uma placa de argila úmida, podia-se colocar um pouco de cera quente sobre a superfície desejada e então se aplicava o sinete, que deixava sua marca peculiar.
Para evitar que o proprietário de um selo ou sinete perdesse tão precioso objeto, vindo daí, talvez, consequências bastante desagradáveis, os sinetes passaram a ser feitos em forma de anel ("anel de sinete"), assegurando que, literalmente, estivessem sempre à mão. Entendia-se que um sinete, por sua natureza, devia ser manipulado apenas pelo proprietário, e entregá-lo aos cuidados de outra pessoa era prova de irrestrita confiança.

(1) Sumérios, assírios, babilônios, etc.
(2) Também havia selos em outros formatos, parecidos com pequenos carimbos, por exemplo.
(3) Muito comum, no caso do proprietário do selo ser alguém que se considerava sob a proteção de uma determinada divindade.
(4) LAYARD, Austen Henry. A Second Series of the Monuments of Nineveh. London: John Murray, 1853.
(5) Ibid.
(6) LAYARD, Austen Henry. Discoveries on the Ruins of Nineveh and Babylon. London: John Murray, 1853, p. 156.
(7) Sob circunstâncias especiais, ainda são usados.
(8) PERROT, Georges et CHIPIEZ, Charles. A History of Art in Chaldea & Assyria vol. II. London: Chapman and Hall, 1884, p. 264. Todas as imagens foram editadas para facilitar a visualização neste blog.


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2 comentários:

  1. Um universo de tempo depois, hoje discute-se na Europa, no âmbito da contratação pública sobretudo, a segurança das assinaturas digitais que, também elas, servem para assegurar a identidade e vontade jurídica de uma pessoa ou instituição.
    Tenho que confessar que os sinetes antigos (em conceito e arte) eram muito mais interessantes.
    Beijinho Marta

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    1. Assinaturas digitais estão em uso no Brasil também, e têm lá suas vantagens. Cada época tem suas características próprias, suas modas e manias rsrsrssssssssssssssssss...

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